quinta-feira, 30 de maio de 2013

"Duelo"

É cena de novela,
vem vindo em passos firmes, olhos fixos, me flechando insistentes...
Chega, me atropela.
Me empurra, tira sarro, sorri sínico, sorrio fácil.
Me desafia, eu topo, e dobro.
Não corre, se insinua determinado. Eu deixo.
Vem o beijo na porta, impedindo a passagem, não ligo, correspondo.
A fila se exalta.
Eu mando, te solto e saiu.
no corredor de luzes baixas e som alto.
A multidão já não existe, só te olho.
Não sei se é seu jeito esnobe escondendo seu coração frágil, que me deixa a deriva.
A mercê, a depender de uma próxima oportunidade.
Jogo divertido e perigoso esse que começa por pura vaidade.


Tiro ao Alvaro. "Elis Regina e Adoniran Barbosa"








terça-feira, 28 de maio de 2013

"Sem efeito colateral"

Fico buscando feridos...
Nenhum.
Procuro em mim, marcas, arranhões, hematomas...
Nada.
Sem lesões.
Acidente sem tragedia.
"Eita" paixãozinha besta, nem serviu para me calejar as pernas.
Suspiro... Fundo.. Penso... Sinto o coração...
Não, não, nem sinal da dor.
Ouço uma música triste, sugestiva, vou chamando as lembranças...
Sem exito.
Sem inspiração.
Assim não tem como ser poeta.
Sem chorar a vida minha poesia não presta.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

"Da janela lateral do quarto de dormir"

Como um sopro nos ouvidos me veio o frio que hoje não foi enviado apenas pelo clima.
Eu já antecipo a nostalgia ouvindo músicas que me lembram tudo aqui, em cada canto tem minhas risadas, compartilhadas ou solitárias. Em outros mais, minhas lágrimas que ninguém viu.
Na janela de frente pra rua eu brigo com as grades que me fazem olhar de quina para a mais famosa esquina. Irônico abandonar tudo agora, toda essa vizinhança cultural que sempre prestigiei de longe.
Os barzinhos e suas doses de amigos e gargalhadas. O intercambio de experiencias...
Tudo por pura opção, por reformulação de prioridades, eu tenho muita coragem.
Mas são coisas minhas, não dá para adiar.
Aos poucos bons não se aflijam, eu vou mas volto já.






quinta-feira, 23 de maio de 2013

"Paixão artificial"


Você passa, me olha e ignora...
Queria só te falar para guardar consigo este olhar, pois você não o verá mais com frequência.
Mas não digo. Afinal tudo continuará igual, as arvores, os carros, o vento e as mentiras.
Eu? Eu dou de ombros, e sorrio mais uma vez para o descaso.
É que já me cansei do seu jogo, das suas frases prontas...
Suas belas palavras quase me comovem, quando outrora ríspidas, me beliscam o orgulho e me maltratam o ego, pouco, mas me afetam.
Tudo se tornou tão superficial que salta a margem...
Mas agora estou tão distante, a perder de vista, a perder do alcance.
Sei da sua coleção exorbitante, eu conheço seu hobby.
Mas em algum momento você vai olhar para suas mãos, elas te lembraram as minhas.
Você irá fecha-las, vazias, frias...
Talvez em algum momento você sinta minha ausência, mas nada comparado com a falta que você fez mesmo estando a um milimetro de distancia do meu corpo.

One the only, "Adele"





"Pé na estrada"



Se eu te contar "tim tim por tim tim", você não vai entender.
Vai me olhar estranho e me julgar,
eu não vou pagar pra ver.
Certas coisas não necessitam se consolidarem pra que a gente possa absorver.
Eu sei os que são falsos comigo, pelas atitudes com outrem já dá pra perceber.
Mas isso é tão insignificante diante do motivo maior, esse que move minhas pernas...
Não é fuga. É busca!!!
Não é recuar, é replanejar.
Não é fraqueza, é coragem... PURA CORAGEM!
Se acho certo, eu faço,
se não gosto, eu corto.
se estuo com raiva, canto...
Mas se encheu o saco... Ai eu saio!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

"Conversando com as paredes"


Minha boca dinâmica, sempre reproduzindo meus pensamentos...
Falante, insistente, vezes quase irritante.
Em dado momento da trama ficou muda.
Boca não saia palavra, e os meus sussurros e múrmuros você nunca entendeu.
Chame logo os comerciais!!!
As vezes o roteiro da novela dizia mais que eu...
Mais, bem mais do que o conjunto de olhos, cabelos, mãos e meus gestos, meu cheiro que era só seu.
Aquelas cenas cortadas ou ignoradas pelos telespectadores.
Pronto, retirada do ar por falta de ibope.
As paredes assistiram e apreensivas esperam novos capítulos.
Trocam opiniões mesquinhas como "tiazinhas" reunidas para tarde do chá com torradas.
Não perca o seu tempo ó grupo de paredes antigas, não lhe sirvo com a melhor história.
Essa trama não ganhou nenhum prêmio.
"E cá pra nós"...
Há coisas que não revelo nem diante do espelho.
Mas se te contenta meia confissão, parei sim a história no meio.
Pois pra quem "manja" de dramaturgia.
Sabe que pra acabar com aplausos, mesmo em comédias românticas.
Alguém morri no final.

"Ponto de Equilíbrio"

O ponto de partida,
no ponto de ônibus,
até o ponto de chegada,
desde o ponto de largada,
o ponto cruz,
é o ponto de referencia
desse ponto final.


terça-feira, 14 de maio de 2013

"Chuva interna".

Martim entrou e a casa estava vazia, Alana havia levado tudo, as roupas os enfeites, a mobilha, o cachorro e uma promessa de vida. Mas deixou os porta-retratos, todos, espalhados pela casa... Por que?
Percorreu todos os cômodos e de fato o apartamento estava limpo. Com as janelas escancaradas, o vento circulava desimpedido por todo o espaço. Sentado no chão, no centro da copa, Martim visualiza as paredes pintadas por Lana, corações tortos e espinhas de peixe desordenadas. Ele achava simplesmente lindo a maneira desajeitada que a garota tinha para a decoração. No celular ele quis materializar alguma lembrança sintonizando a música que ouviam quando se amavam, The Bangles "Eternal Flame". Com as mãos no rosto ele tentava fazer como o clima lá fora, ele queria chover forte, para que assim o dia amanhecesse ensolarado e limpo. Mas seu corpo quente e seco não apontava sinal de umidade.
Os flashes passavam velozes pela sua cabeça, o primeiro encontro, o beijo... Outros dolorosamente devagar como, o casamento, a gravidez. Nessa hora Martim grita e sua voz não sai, levantou se e no intuito de achar vestígios, respostas ou apenas consolo. Corre pelos cômodos tropeça nos moveis, avista o cachorro, toca nas roupas... Estava tudo ali, a matéria, as digitais, o calor na cama evaporando calmamente.
Ela havia levado apenas tudo o que ele necessitava, seu coração e seu sopro de vida.
Ao lembrar do acidente, a chuva caiu forte pelo seu rosto e ele pôde sentir, bem lá no fundo...
De dentro do seu peito, elas não conseguiram partir jamais.


Confesso que valeu!


segunda-feira, 13 de maio de 2013

Loja de conveniências anuncia: "Oferta- Amor em sachês, 10 por R$1,00!


O Amor se perde no tempo,
de as vezes "sempre", promessas inconcebíveis.
Prometidas por levianos,
idealizada por sonhadores...
Situação aceita a mando do comodismo, esse senhor ranzinza e sedentário, tossindo mas fumando. E que dorme com a tv ligada e o controle remoto na mão.
E o tempo vai passando impiedoso, insistente.
Por hora você nem senti. Espera, calma.
Lá vem a bomba...
Mas não se assuste com o vazio que te espera na porta da casa da ficha caída.
Lá longe avisto o Amor, cansado, triste, acabado.
Ainda assim nas costas trazendo, promessas descumpridas.
Sem culpados, todos vitimas tímidas de um falso pierrô apaixonado.


Vida breve, louco momento.

Hoje estou mexendo em tudo...
Arredando os moveis encontrei cartas antigas, antigos amigos, amores passados, fotos mortalizadas pelo tempo. Algumas coisas joguei fora, como quem mata um passado. Como quem diz "CHEGA".
Troquei a essência do incenso, chega de lavanda, sândalo com seu tom amadeirado combina mais com o outono. Combina mais com a rigidez do meu ego.
Encontrei livros nunca lidos, peguei qualquer um e abri como quem sorteia a própria sorte. Vou citar o trecho lido e te digo, trazendo para o contexto, nada nunca havia feito tanto sentido...

Bem vindo meu senhor. Não posso compreender como nosso manso marido não foi a nosso encontro no caminho. Onde esta teu senhor?
Está lá dentro minha senhora. Mas nunca homem algum sofreu mudança semelhante. Falei lhe das tropas desembarcadas;  sorriu. Comuniquei lhe vossa chegada; a resposta dele foi: "tanto pior". Ao informa-lo da traição de Glócester e do leal serviço do filho dele, chamou me então de imbecil e disse que eu virava sempre as coisas pelo avesso. O que mais deveria desagradar-lhe parece agrada-lhe; O que deveria agradar-lhe, ofende-o.
Então, não é preciso ides mais adiante. É o terror pusilâmine de seu próprio espirito que nada se atreve a empreender. Não quer sentir os ultrajes que o obriguem a reagir. Nossos projetos, formados durante o caminho, podem ser levados a efeito.

REI LEAR- William shakespeare.

Emfim, agora interrompo a faxina para continuar a leitura tão espontânea, mas vou pegar do inicio e ao chegar na pagina noventa e seis lembrarei de continuar a especular meu quarto, minha vida, meu interior.

domingo, 12 de maio de 2013

"Seja vagalume"

E quem pra mim, perdi seu brilho do dia pra noite, na verdade esteve o tempo todo segurando uma lanterna!

sábado, 11 de maio de 2013

"Descalça"

Sabe quando você acorda e tá tudo diferente?
A casa, o clima, as pessoas, os sentimentos, o espelho... Principalmente o espelho.
Hoje esta tudo assim, tão diferente pra mim...
Me sinto retornando a minha antiga moradia...
Ansiedade boa, nostalgia.
E por aqui tudo em perfeita harmonia, que delicia de energia.
Tá linda, mobilha nova, paredes pintadas de cor de aura,  mas o cheiro... Esse eu conheço, é o mesmo.
Abro as janelas, espano o pó, trouxe flores pra enfeitar minha vida, minha essência esquecida!

Se perder faz parte, encontrar um novo mundo, conviver com pessoas e coisas totalmente distintas de você!
Se submeter a situações que te exijam maturidade, isso te faz crescer. Sofri, Chorei, mas chorar é regar a alma pra florescer.
E a vantagem de tudo isso é pegar oque ficou de bom dessa experiencia, voltar a ser você e dar muito valor a sua existência!
Eu voltei!!!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

"Sem mais"

De hoje em diante,
Acabou-se a brincadeira,
Parei, 2 x,
fim da rota,
Game over,
stop,
último gole,
amargo,
então, cuspir,
última gota,
quebro o copo,
nem cato os cacos,
corto o pé,
nem sangrou,
não compensou,
nem choro, nem dor,
leve ardor que o vento soprou,
Ponto final,
Encheu até a tampa,
Transbordou,
inundou, molhou -me os sapatos,
daí encheu o saco,
perdeu a graça,
injou,
me irritou,
compreendi,
decidi,
tá decido,
me obrigue a ficar,
vou te contrariar,
antes tarde do que nunca.
me afunda,
me afoga,
me esnoba,
depois, me sugere,
interfere,
impossibilita,
me limita,
me atrapalha,
me atrasa,
então, por resto,
vê se me deleta,
afinal,
me incompleta,
se for pra ser metade...
que eu seja,
uma parte de mentira e outra de verdade,
mas que compense.
E já deu pra perceber que não vale tanto a pena.
encena e ainda queixa,
se aproveita,
se situe,
se fudeu,
perdeu,
morreu,
azar o seu.
não meu.
Até mais na época,
foi estalo, insight,
eureca!




terça-feira, 7 de maio de 2013

"Confissão as paredes"

Tá ouvindo, esse silêncio cada vez mais alto no pé do seu ouvido?
Tô te chamando todos os dias sem abrir a boca, 
Eu tô gritando, berrando...
Não ouvi?
Há muito você calou minha voz...
Mas o meu coração, esse não se cala tão fácil...
Pergunte as paredes, essas sabem mais de ti do seus últimos analistas.
Elas me ouvem caladas, sérias e tão mudas... 
Assim bem frias e mortas como te falo todas as noites.