quarta-feira, 17 de abril de 2013

Pausa o Bolero

Despenteada, vestido velho, calçava chinelos gastos. Tinha como maquiagem apenas a face corada e a boca naturalmente avermelhada. Ele a encarava sistemático, articulado, estratégico, experiente e decidido. Irresistível!
Ela temia que ele derrubasse o muro em seu olhar, barreira para outro mundo que talvez pudesse o instigar. Então achava tudo engraçado pra transferir a atenção fixa nos olhos para a boca.
Mas ele possuía visão panorâmica.
Pausa...
Beijo lento, quente, visceral.
Intangível como poesia, só um susto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário