sábado, 15 de março de 2014

Parte 7

 "Primeiro epilogo"

Os ponteiros já se perderam de tanto andarem em círculos. Mil voltas e mais, no mais, nada aconteceu.
Porque enquanto tudo aconteci, Nina observa o relógio da sala parado. Toda vez que a pressa pede calma com tempo contado. Desde que Diego se comportou como quem próprio se deporta para o fim do mundo. Ela viveu todos os dias de uma só vez. Não digo um, dois ou três, eu digo todos os espaços de tempos cronometrados, vinculados ou não, aprisionado á horas, minutos segundos que comportam todos os dias que se podem contar, ou que se perdem a conta.
 Após a ligação que certificou a ruptura mais que cotidiana, pequena, pacata, sem adeus, que se pode ocorrer. Ela proporcionou a si mesma uma amnésia tão voluntária. Perigosamente proposital. Que lhe fugiram, as formas, as caras, as vidas, as certezas, as almas de Diego.
  Nina viveu, como quem se fantasia de juiz, decreta sua sentença, e se aprisiona na solidão. Ela achou que fosse vida... Mas era só existência. Vida não é vida quando tida vazia.
 Mas ela seguiu... Arrancou parte de seu cérebro , cuspiu as lembranças, amadureceu seu coração de criança e apertou seus cadarços. Diminuiu a distancias entre os paços, levou em direção aos bolsos o seus braços. E os olhos caíram no chão. Não, não projetou nele essa solidão.
 Afinal, Diego nunca mais foi lembrado como abraço macio, demorado e conforto. Nem mesmo saudade, porto seguro ou guardião da verdade. Ele se tornou um fantasma, como tantos outros covardes. Que da caixa de decepções de Nina faz parte. Como quem próprio lhe tira á vida, Diego quis e morreu por falta de coragem.


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